Na catequese desta semana, o Papa Francisco falou sobre a esperança cristã como força dos mártires. Partiu do Evangelho de São Mateus em que Jesus dá a entender aos doze apóstolos que os mandava como ovelhas para o meio dos lobos. Recomendou-lhes que fossem prudentes como as serpentes e simples como as pombas. Sereis odiados por causa de mim – disse-lhes – mas quem tiver perseverado até ao fim será salvo.
Os cristãos amam, mas nem sempre são amados. A profissão da fé acontece, em grau maior ou menor – num clima de hostilidade. E Jesus leva os seus discípulos desde o início a ter isto presente – disse o Papa, que adiantou:
“Os cristãos são, portanto, homens e mulheres “contracorrente”. E isto, a seu ver, é normal, pois que o mundo está marcado pelo pecado que se manifesta em várias formas de egoísmos e injustiças. Quem segue Cristo caminha em direção contrária, fiel à lógica do Reino de Deus que é a lógica da esperança e se traduz no estilo de vida baseado nas indicações de Jesus”.
E a primeira indicação é a pobreza, a humildade, o desapego das riquezas e do poder, mas sobretudo desapego de si próprio. “O cristão caminha pelas vias deste mundo com o essencial para a caminhada, mas com o coração repleto de amor. Sem foices, sem grilhões, sem armas: “como cordeiros no meio de lobos”.
“Nunca fazer uso da violência. Para derrotar o mal, não se pode adotar os métodos do mal. A única força do cristão é o Evangelho. Em tempos de dificuldades, é preciso acreditar que Jesus está perante nós, e não cessa de acompanhar os seus discípulos”
O Papa continuou dizendo que a perseguição não está em contradição com o Evangelho, pois que se perseguiram Jesus, como podemos esperar que não o façam também conosco. Mas – recomendou – nunca desesperar, porque Deus vê e, seguramente protege e resgata.
Os cristãos devem, por isso, estar sempre do lado oposto de quem pratica injustiças, oprime os outros, age de forma mafiosa, tece tramas obscuras, faz lucro na pele dos desesperados… Os cristãos não podem ser “perseguidores, mas perseguidos, não arrogantes, mas simples, não vendedores de fumo, mas submetidos à verdade, não impostores, mas honestos. “
“Esta fidelidade ao estilo de Jesus” – que é um estilo de esperança – continuou Francisco – foi designado pelos primeiros cristãos com o belo nome de “martírio” que significa “testemunho”, um nome que perfuma de discipulado. Com efeito, os mártires não vivem, nem aceitam os sofrimentos em nome próprio, mas por fidelidade ao Evangelho.
Mas o martírio – advertiu o Papa – não é o ideal supremo da vida cristã, pois acima dele está a caridade, como aliás recorda São Paulo no hino à caridade:“Mesmo que eu desse em pasto todos os meus bens e entregasse o meu corpo para me vangloriar, mas não praticasse a caridade, de não serviria.”
“Repugna aos cristãos a ideia de que aqueles que provocam atentados suicidas possam ser chamados “mártires”: não há nada nos seus objetivos que possa ser comparado com as atitudes dos filhos de Deus.”
O Papa disse ainda que lendo as histórias de tantos mártires de ontem e de hoje – que são mais numerosos do que os mártires dos primeiros tempos – ficamos admirados perante a força com que enfrentaram as provações.
“Esta força é sinal da grande esperança que os animava: a esperança certa de que nada e ninguém os podia separar do amor de Deus que nos foi dada em Jesus Cristo.”
E Francisco concluiu pedindo a Deus para nos dar sempre a força de sermos seus testemunhos e nos permita viver na esperança cristã, sobretudo no martírio escondido de fazer bem e com amor os nossos deveres de cada dia.
(DA)