A Pascom esteve com Padre Antônio por cerca de 4 horas. Visitamos a Paróquia São Judas e a Comunidade Santa Rosa de Lima. Batemos um papo e partilhamos um delicioso almoço. O fruto da conversa, você confere abaixo.
Feliz, alegre e grato com a vida. Um homem que gosta de ouvir e acolher as pessoas, antes de pensar em julgar. Assim é o Padre Antônio Carlos Ferreira de Souza, que é chamado por todos de Padre Toninho. Os cabelos brancos são da caminhada, que ele não esconde “Não tenho medo de dizer minha idade, tenho 61 anos”, brinca. No dia 20 de novembro vai completar mais uma primavera. Já são 27 anos de Sacerdócio, sendo que 23 foram dedicados à Paróquia São Judas Tadeu, em Betim.
No último dia 20 de agosto, foi nomeado Pároco da Paróquia Santo Antônio Vila Belém “encerrei um ciclo aqui em Betim, vou feliz e com a consciência tranquila começar um novo ciclo”, afirmar.
Padre Antônio, que agora assume a Paróquia Santo Antônio, passou a infância e boa parte da juventude na Matriz de Santo Antônio, em Curvelo, na Região Central do Estado. Por isso a origem do nome. Foi lá, como coroinha, que começou a sentir o desejo pelo Sacerdócio.
De família humilde, só foi entrar para o seminário aos 25 anos. Chegou a se formar em contabilidade, mas desejava seguir o chamado que tanto ouvia em seu interior. Antes trabalhou para ajudar a família e para pagar os estudos. Tem doze irmãos, sendo quatro adotivos. Sua mãe completou 94 anos e tem um grande orgulho do filho ter se ordenado Padre. “Minha mãe sempre teve uma devoção grande, meu Pai era Vicentino e ajudava muita gente. Ela sabia que eu seria Padre, mãe sente.”
Na juventude, em Sete Lagoas, começou a fazer a caminhada vocacional. Veio para Belo Horizonte onde fez a maior parte dos estudos e voltou para Sete Lagoas onde foi ordenado Diácono e Padre. Por lá trabalhou quatro anos e chegou a ser reitor do Seminário da diocese, mas o desejo de voltar a Belo Horizonte falou mais alto. Em 1996, dom Serafim, a quem ele diz ser extremamente grato, o deu a missão de assumir a Paróquia que seria criada em Betim, dedicada a São Judas Tadeu, onde esteve até agora.
Começava ali uma caminhada de dedicação e serviço ao povo. Por onde passamos no bairro, durante a visita as igrejas, Padre Antônio foi abordado por várias pessoas. Cumprimentos, pedidos e o desejo de felicidade na nova caminhada. A Matriz de São Judas, ampliada e a igreja de Santa Rosa de Lima construída por ele, tem boa iluminação e sonorização e uma arquitetura de se admirar “Gosto de coisa de primeira. Igreja tem que ser iluminada, com bom som e bonita. As pessoas ajudam e conseguimos fazer uma coisa boa”, garante.
A Paróquia tem como marca o acolhimento e assistência aos que mais necessitam. Uma das referências é a Pastoral de Rua “quando a pastoral foi começar a ideia era fazer visitas uma vez por mês, no primeiro encontro apareceram tantos voluntários que já passamos a fazer uma vez por semana”, se orgulha. E assim acontece até hoje. Em uma sala os voluntários armazenam roupas seminovas, sapatos, brinquedos e cobertores. Tudo separado por tipo e tamanho. Na cozinha eles preparam o alimento que será distribuído e na hora marcada saem ao encontro dos irmãos.
Outro ponto forte é a inclusão. A Matriz tem todo domingo pela manhã a Missa traduzida para a Língua Brasileira de Sinais - Libras, assim vários surdos podem participar da celebração. As comunidades ainda oferecem psicólogos, nutricionistas, ginástica, cedem espaço para vacinações e debates. Ações sempre voltadas para o que a população precisa. “Não olho religião, nem posição social. Vejo, acima de tudo, o humano que está em cada um. A Igreja precisa ser acolhedora e transformar a vida das pessoas”, afirma.
É este olhar humano que ele quer trabalhar primeiro em nossa Paróquia. "Muitas pessoas podem até se escandalizar comigo em um primeiro momento. Tenho uma visão aberta e não gosto de julgar. Acolho, escuto e oriento e faço as pessoas refletirem”, garante.
Especialista em relações familiares e em gerontologia, que é o estudo do envelhecimento, Padre Toninho garante que se dá bem com todo mundo. No trabalho Pastoral diz que é extremamente pontual “Reuniões não duram mais que uma hora e meia. Às missas começam pontualmente e duram no máximo uma hora e quinze”, diz. Também afirma que confia no trabalho de cada um “Ofereço formação, dou liberdade e espaço para todo mundo desenvolver o trabalho. Cada um sabe o que precisa fazer”. E não pensa duas vezes em falar “quem quiser trabalhar pode vir, não cabe a mim julgar ninguém. Meu lema de vida é misericórdia”, conclui.
Muito brincalhão, Padre Toninho gosta também de se divertir. Cruzeirense, sempre que pode vai ao Mineirão torcer nos jogos da semana. É amante da natureza. Cultiva no quintal de casa mais de 200 orquídeas e uma horta com algumas folhas para o almoço. Joga truco, dança, gosta de cinema e livros. Toma o café de manhã e depois só almoça, por isso já avisa “se no meio da manhã alguém me oferecer um lanche e eu reusar não é desfeita”.
Mas para o almoço já avisa que vai com prazer “não como muito, nem carne vermelha, mas adoro as visitas”. No meio da nossa conversa, fizemos uma pausa exatamente para o almoço. Uma deliciosa salada e um maravilhoso estrogonofe de frango com moranga.
Na sala da casa, já ajustando algumas coisas para mudança, Padre Toninho posou com a estola de Santo Antônio e a imagem do nosso Padroeiro, presentes do afilhado. "estou muito feliz e empolgado para fazermos um bom trabalho juntos." finalizou.
O início do Ministério Pastoral do Padre Antônio, em nossa Paróquia, será no próximo domingo, 29/09, às 19h. A celebração será presidida pelo bispo auxiliar para Rense, dom Joaquim Mol.
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