O perdão, ao ocorrer, é capaz de remover o peso morto de nosso passado e nos devolver a vida. A verdadeira beleza e o poder do perdão estão em que ele pode nos dar o futuro.
É essa tentativa fracassada de negar o poder do passado sobre nossa vida que, paradoxalmente, pode oferecer a chave para nossa cura. Ainda não atingimos o nível do possível perdão ao imperdoável, mas a necessidade de perdoar nossas ofensas uns aos outros a fim de resgatar o futuro já é suficientemente difícil.
A compreensão fundamental aqui é que, para justificarmos as legítimas reinvindicações da justiça humana, podemos e devemos manter uma atitude de repulsa em relação ao ato ofensivo; no entanto, devemos encontrar um meio de impedir que essas ofensas irreversíveis nos encerrem no passado em caráter permanente; e a solução desse dilema está no perdão à pessoa, não ao que a pessoa fez.
O perdão pode ter um impacto que modifica a vida de todos os atores das tragédias da humanidade. O que buscamos é a injeção de uma força dinâmica que impulsiona o indivíduo para fazê-lo mover-se de novo.
A necessidade de perdoarmos para sermos perdoados parece salientar a natureza condicional do perdão na vida da pessoa que foi ofendida: se não estivermos dispostos a perdoar a quem nos ofendeu, certamente chegará o momento em que o perdão de que necessitamos nos será negado. Nossa recusa em perdoar terá destruído a ponte que agora nós mesmos precisamos atravessar.
Lembre-se que é perdoando que se é perdoado!
( livro: Sobre o Perdão – Richard Holloway)
Rúbia Mara de Assis
Psicóloga da Clínica Social
Santo Antônio – Vila Belém
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